terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

...e eu... sentei-me lá dentro... para sempre...


“Querida concha:
No mar existem muitas conchas.
Umas bonitas e boas,
outras más e feias.
Procurei as conchas boas,
Mas não as encontrei.
Estavam riscadas ou partidas. Cortavam.
Até que, um dia, a maré trouxe até mim uma concha.
Colorida e transparente.
Essa concha abriu-se… e eu…
sentei-me lá dentro… para sempre.”


“Li outra vez e mais outra até decorar todo o texto. Depois sentei-me à mesa e tive vontade de escrever um poema. Fechei os olhos sob o sol generoso da tarde e escrevi mentalmente o que sentia naquele momento. Não sei exactamente que palavras acalentei no coração para responder àquela carta. Mas sei o que senti: medo. Um medo terrível de não saber o que fazer com aquele sentimento grande que se tornava maior do que eu. Medo de não estar à altura, de o desapontar. Medo de tudo não passar de um dos meus sonhos, com coisas improváveis. E, sobretudo, medo de o perder, embora tivesse agora a certeza do que aquele «para sempre» significava. (…)

Chorei. Não sei se de alegria ou de pena por não ser mesmo essa concha transparente que ele pudesse transportar consigo nas fantásticas viagens através das ondas, entre algas e estrelas-do-mar. Na verdade, tive uma vontade súbita de pertencer-lhe como objecto querido que trazemos connosco em todas as ocasiões(…)

Quando dei por mim, estava na praia. Tirei os sapatos e corri para a beira-mar. A água fria insistiu em acordar-me e eu não queria.

in "O Guarda da Praia" de Maria Teresa Maia Gonzalez

2 comentários:

Mentuhenhat disse...

Namasté, Susana!

Que significa muito resumidamente, "Que o meu Deus interior, esteja em comunhão com o teu Deus interior"...
Este Blog tem uma energia magnífica.
Parabéns!
Continue a brilhar assim!

O meu Abraço de Luz!

Anónimo disse...

nunca me esqueci...de me esquecer de ti...
beijo ....simples....mas sentido...